Carnaval 1977
Data do desfile: 21/02/1977 - Segunda-Feira. Local: Av. Graça Aranha. Ordem de desfile: 9ª Agremiação a desfilar. Colocação: 4ª Colocada do Grupo 3 com 50,0 pontos. Presidente: Rubens Fausto Carnavalesco: Aganipe Guimarães.
Autores: Cezário Sant’ana, Paulo Fernandes Lima (Paulinho), Grijó e Carlinhos 18
Intérprete:
Através de suas telas Os artistas do pincel em aquarela Copiaram lá do céu tanta beleza Que nos deu a natureza Para nossa alegria Ao ensejo da folia Inspirada na canção Traz para este carnaval Esta obra genial O luar do sertão Era assim era assim Que dizia Catulo da Paixão Poeta violeiro Nascido no Maranhão Não há ó gente o não Luar como este do sertão Que saudade Do romantismo de outrora Dos seresteiros e das violas Das noites lindas de luar Que saudade Da criançada brincando de mãos dadas Cantando vamos todos cirandar Ciranda cirandinha Vamos todos cirandar o Chuá Chuá da fonte a cantar Sambando vamos recordar

G.R.E.S. Acadêmicos de Santa Cruz Apresenta “LUAR DO SERTÃO” para o desfile carnavalesco de 1977, inspirado na canção sertaneja de Catulo da Paixão Cearense. Biografia: Catulo da Paixão Cearense, nascido em São Luiz, estado do Maranhão, no ano de 1863, faleceu no Rio de Janeiro – GB no ano de 1946. Deixando a flauta pelo violão, compôs a primeira modinha “Ao luar”. Tornou-se compositor famoso e célebre poeta popular. Perdendo os pais, ficou sem recursos, indo trabalhar no único emprego que conseguiu obter: estivador no cais do porto. Continuou, porém a freqüentar as rodas boêmias e a cantar em festas de famílias ricas. Foi funcionário da Empresa Nacional de datilógrafo do Ministério da Aviação. Conheceu em vida, prestígios nunca antes igualados por um autor do seu gênero. Interpretou a natureza e o homem do sertão em versos de grande expressividade, embora em linguagem algo fictício. Deixou quinze livros de poemas, dentre os quais se destacam: “Meu sertão” (1918), “Sertão em Flor” (1919), “Aos pescadores” (1923), “Mata iluminada”, “Meu Brasil”, “Fábulas e alegorias”, “Alma do sertão” (1928), “Poemas escolhidos” (1944), “Um boêmio no céu” e o “Testemunho da árvore”, a famosa modinha “Luar do sertão” (1914) teve a letra composta por Catulo e a melodia por João Teixeira Guimarães, dito João Pernambuco. Histórico: Quem não admira uma linda noite de lua cheia no sertão? Todos nós admiramos não é verdade? Oh! Quanta saudade nos traz... E que doces recordações das noites de luar, das festas sertanejas, dos idílios de amor, das noites de baile, dos namoros nos jardins perfumados e coloridos. É quando o nosso pensamento parte em busca de amigos que estão distantes, não é verdade? E voltam trazendo uma esperança de vê-las. Claro que sim. Oh! Como é linda a noite enluarada no sertão. Nas grandes cidades, iluminadas com luzes artificiais, perturbações cotidianas, um vai e vem de pessoas desconhecidas, não tão simples e boas como as sertanejas, não se dá o merecido valor ao luar. Já nos sertões é que se pode apreciar a beleza do luar, em todo o seu esplendor. Vê-la em sua trajetória no infinito, com seu brilho de prata entre as lindas constelações, soltas as verdejantes florestas, lagos, rios, prados e mares. As flores silvestres de aromas suaves, exalando no espaço seu perfume e os pássaros noturnos cantando para agradecer esta dádiva que é por Deus, a nós cedida com todo carinho e afeto. As mais lindas estrelas parecem fazer seresta no infinito onde os próprios selvagens admiram quando surge, Jaci (a lua), respeitada por eles, como a deusa do infinito. A magnificência do luar, sempre foi uma fonte de inspiração para os poetas, escritores e artistas do pincel. É numa noite de luar que os sertanejos ponteando suas violas, pandeiros e flautas, animam com suas canções as festas, onde se destacam as danças e vestimentas típicas, colorindo o ambiente, enquanto as crianças cantam “Ciranda cirandinha, vamos todos cirandar”. Os próprios vaga-lumes com suas lanterninhas parecem tomar parte da festa. Das serras descem cachoeiras num doce sumário fazendo “Chuá chuá, e a fonte a cantar chuá, chuá, como se despedindo da floresta e das flores na ribanceira. E bem certas, são as estrofes de Catulo quando assim diz, “Não há, ó não, luar como este do sertão” e “onde a tarde suruina chora a sua viúves”. Quanta poesia, quantas verdades em verso traduz para nós a verdadeira obra da natureza. Toda beleza deste histórico será transformada para valiosas alegorias de mão e 2 (dois) carros de grande efeito artístico, e mais um busto de Catulo. Aganipe Guimarães, autor do enredo.