Carnaval 1981
Data do desfile: 02/03/1981 - Segunda-Feira. Local: Rua Marquês de Sapucaí. Ordem de desfile: 2ª Agremiação a desfilar. Colocação: 6ª Colocada do Grupo 1B com 154,0 pontos. Presidente: José Lima Galvão Carnavalesco: José Lima Galvão
Autores: Zé Carlão, Agostinho Laurentino, Helson de Souza
Intérprete: Quinzinho
Delira o povo Neste feito colossal Defendendo a ecologia Nós brincamos Carnaval É lindo as seringueiras contemplar No rio-mar a tartaruga é atração O índio, sua crença é tradição É fascinante a fauna admirar Os animais na verde mata A passarada a gorjear Belas guerreiras amazonas Preservando a raça de maneira original Vem meu povo Se vestir de esperanças No canto do uirapuru E neste canto cheio de encanto Ajuricaba é sublime recordar Índio lendário do folclore popular Te quero verde, verde eu te quero mais Verde, a sua esperança São riquezas naturais

Enredo:
Baseado em elementos nacionais, tradicionais ou regionais, o enredo é o motivo, o tema central de todo o desfile. A Escola de Samba, considerada como um conjunto, interpretando e desenvolvendo o tema proposto, é o próprio enredo.
Argumento:
“AMAZÔNIA, VERDE QUE TE QUERO VERDE” é o enredo que o G.R.E.S. ACADÊMICOS DE SANTA CRUZ apresenta para o Carnaval de 1981. Significa o protesto contra o desmatamento que desponta como grave perigo para o equilíbrio ecológico. Foi concebido e realizado pelo carnavalesco José Lima Galvão, que procurou realçar os valores mais expressivos da Amazônia, para justificar a importância do tema.
A Amazônia que já foi chamada “Pulmão do Mundo” é a mais vasta floresta equatorial existente. Com seus milhões de metros quadrados, suas matas, rios, ilhas, clima, solo, oxigenação e etc., se coloca, a cada dia, como assunto de interesse mundial, em razão da devassa desenfreada que nela ocorre – “A derrubada da floresta Amazônica põe em perigo a maior fábrica de oxigênio do mundo” – Glycon de Paiva.
Em defesa do meio ambiente e das nossas riquezas naturais, o G.R.E.S. ACADÊMICOS DE SANTA CRUZ entra na avenida, com muita garra, dando força ao movimento ecológico e conclamando a participação do povo – “Delira o povo neste feito colossal/Defendendo a Ecologia/Nós brincamos carnaval”.
Sendo a Amazônia muito vasta e rica em termos de riquezas naturais e manifestações folclóricas, foi difícil a seleção representativa. Optamos pelas coisas mais expressivas para retratá-la, em razão de economia e tempo limitados. Para efeitos visuais, procuramos os elementos mais característicos. Da fauna e flora apresentamos o que há de mais exuberante como espetáculo: pássaros de beleza rara, com seu fantástico colorido, atualmente em processo de extinção devido à caça. Peixes de cores vibrantes, jacarés e tartarugas, outrora abundantes na região, são também espécies ameaçadas de extermínio: são caçados, intensamente, para utilização em diversas indústrias.
Na Amazônia – fonte inesgotável de matérias-primas vegetais – é encontrado o cacaueiro, ainda em estado nativo. É uma planta de altura mediana, originária da América do Sul e Central. Das sementes torradas, faz-se o chocolate e extrai-se uma gordura, a manteiga de cacau. O ciclo da borracha levou ao abandono a lavoura de cacau, que foi transferida para a Bahia, onde o cacaueiro já foi introduzido e se adaptara muito bem.
A seringueira é uma planta brasileira, que ocorre na Amazônia, hoje introduzida em outros países. É uma árvore grande que atinge cerca de 50 metros e 200 anos de idade. Dela é extraído o látex utilizado na produção de borracha e derivados. Na época áurea da borracha, as classes mais abastadas, do Amazonas e do Pará, desfrutavam de uma vida de fausto e luxo, propiciado pelo comércio internacional do produto. Extensas áreas da Amazônia, então desconhecidas e abandonadas, foram desbravadas e aproveitadas economicamente em razão da exploração da borracha.
Para retratar, com expressividade, o aspecto subjetivo do argumento focalizamos lendas famosas, deixando de lado outras não menos expressivas, porém de menor domínio público. Procuramos configurar o real e o imaginário, com criatividade, sem deixar de ser fiel, em certos aspectos ao que há de mais autêntico no tema.
Sobre e sob a terra fecunda nascem plantas exuberantes, minerais preciosos, correm e brotam águas caudalosas. O rio Amazonas – Rio Mar – é o primeiro do mundo em volume de águas e o segundo em extensão. A primeira descida ao rio foi feita por Francisco de Orellana que o batizou de Mar Dulce , extasiado com sua amplidão. Entre as muitas características do rio Amazonas, três merecem ser citadas: sua gigantesca malha de rios, canais, lagos, igarapés: o desmoronamento de grandes blocos de florestas, às suas margens chamadas de “Terras Caídas” e a “Pororoca”, provocada pelo encontro das marés mais altas com a corrente fluvial.
Com a marca dessa terra misteriosa e fascinante, surgem seus habitantes nativos, suas lendas e tradições – “É lindo a seringueira contemplar? No rio mar a tartaruga é atração? O índio, sua crença e tradição. É fascinante a fauna admirar/”. E na beleza dessa paisagem destacamos as lendárias Amazonas – mulheres guerreiras da antiguidade – que teriam às margens do rio Negro. Essas índias pertenciam a tribos só de mulheres que andavam armadas de arco e flecha, montadas a cavalos e com seios desnudos. Os homens eram, por elas, caçados para a procriação sendo mortos depois ou permanecendo na condição de escravos.
“E neste canto, cheio de encanto/Ajuricaba é sublime recordar/Índio lendário no folclore popular/”. Segundo a lenda Ajuricaba era um pássaro que se transforma em belo e valente guerreiro para conquistar as mulheres que, realmente, por ele se apaixonavam em razão de sua formosura.
Motivo do significado da palavra Ajuricaba (O mais forte, fortaleza).