Carnaval 1992
Data do desfile: 01/03/1992 - Domingo. Local: Sambódromo da Marquês de Sapucaí. Ordem de desfile: 1ª Agremiação a desfilar. Colocação: 15ª Colocada do Grupo Especial com 236,5 pontos. Presidente: Carlos Alberto Ferreira. Carnavalesco: Albeci Pereira e Ney Ayan (in memorian).
Compositores: Da Roça, Geovani, Nei, Luiz Carlos, Jaime e Brucutu Intérprete: Sobrinho Vem de lá Da pré-história esse 4 milenar Água, fogo, terra e ar De 4 em 4 chego lá Engatinhou no Egito Trazendo esfinge Para o nosso Carnaval Lá vou eu Sou menino no destino Desse caminhar O mundo tá, tá no sufoco Tudo que tiver 4 Dessa vida eu levo um pouco Na luta entre o bem e o mal Eu já fiz a minha escolha Em 4 cantos caminhei Minha sorte tirei No trevo de 4 folhas Haja coração Felicidade não escolhe estação 4 fases tem a Lua E a vida continua O naipe da carta revelou (Vem amor) Vem amor Saciar minha sede Nosso amor é segredo Entre 4 paredes Caiu de 4 iaiá, na saideira Santa Cruz tá nessa festa Que acaba quarta-feira

Desenvolvimento:
Quatro
As significações simbólicas do quatro se ligam às do quadrado e da cruz. Desde as épocas vizinhas da pré-história, o 4 foi utilizado para significar o sólido, o tangível, o sensível. Sua relação com a cruz fazia dele um símbolo incomparável de plenitude, de universalidade, um símbolo totalizador. O cruzamento de um meridiano e de um paralelo divide a Terra em quatro setores. Em todos os continentes, chefes e reis são chamados: Senhores dos quatro mares... dos quatro sóis... das quatro partes do mundo...etc.: o que pode significar, ao mesmo tempo, a extensão da superfície de seu poder e a totalidade desse poder sobre todos os atos de seus súditos.
Existem quatro pontos cardeais, quatro ventos, quatro pilares do Universo, quatro fases da lua, quatro estações, quatro elementos, quatro humores, quatro rios do Paraíso, quatro letras no nome de Deus e no primeiro homem (Adão), quatro braços da cruz, quatro Evangelistas etc. O quatro designa o primeiro quadrado e a década; a tétrade pitagórica é produzida pela adição dos quatro primeiros números (1+2+3+4). O quatro simboliza o terrestre, a totalidade do criador e do revelado.
Essa totalidade do criado é ao mesmo tempo a totalidade do perecível. É singular que a mesma palavra shi signifique em japonês quatro e morte. Por isso os japoneses evitam com cuidado pronunciar essa palavra: substituem-na na vida cotidiana por Yo ou Yon.
Número sagrado no Veda, que é dividido em quatro partes (Hinos, Sortilégios, Liturgias, Especulações). O homem também se compõe do quadrado de quatro, 16 partes, segundo o Chandogya Ypanixades, assim como a magia do Soma, que comporta 16 recitações; ou ainda como o ensinamento sobre o Brama, que é distribuído em quatro partes correspondentes aos quatro domínios do universo: as regiões do espaço, os mundos, as luzes, os sentidos. Aquele que, sabendo assim, conhece esta quarta parte do Brama, ou quatro das décimas sextas partes, que são luz, este brilha neste mundo. Conquista mundos luminosos quem, sabendo assim conhece a quarta parte do Brama, ou quatro das décimas sextas partes, que são luz (VEDV,388). Quando ele sabe as quartas partes do Brama, ou quatro vezes quatro décimas sextas partes, o discípulo ou iniciado conhece toda a ciência do mestre. O quatro se revela também aqui, com seus múltiplos e divisores, o símbolo da totalidade.
Na Bíblia, e especialmente no Apocalipse, este número sugere ainda a idéia de universalidade: os quatro vivos constituem o conjunto dos vivos no mundo da luz (têm constelação de olhos). Os quatro cavaleiros trazem as quatro pragas principais. As quatro cores dos cavalos correspondem às cores dos pontos cardeais e do dia, para mostrar a universalidade da ação no espaço e no tempo: branco é o leste e a autora; vermelho é o sul e o meio-dia o verde-mar, o oeste e o crepúsculo; preto, o Norte e a noite.
Os quatro anjos destruidores de pé nos quatro cantos da terra; os quatro rios do paraíso; as quatro muralhas da Jerusalém celeste que fazem face aos quatro orientes: os quatro campos das dozes tribos de Israel (Números, 2); os quatro emblemas das tribos, uma para cada grupo de três, o leão, o homem, o touro, a águia, as quatro letras do nome divino YHVH, cada uma correspondendo a um desses emblemas, segundo uma tradição judaica: Y ao homem, H ao leão, V ao touro, o segundo H à águia.
Os quatro Evangelistas: Segundo São Irineu, não podia haver nem mais, nem menos; e cada um dos emblemas das tribos de Israel foi atribuído a cada um deles, numa conformidade bastante singular com as características de seus Evangelhos: o leão a Marcos, o homem a Mateus, o touro a Lucas, a águia a João. Esses animais por outro lado, correspondem às quatro constelações cardeais da faixa zodiacal: o Touro, o Leão, o Homem e a águia. Todos esses quaternários exprimem uma totalidade.
O Homem pré–histórico, e quem não andou de 4?
Há cerca de um milhão de anos, o homem deixou de ser um animal quando passou a caminhar sobre os pés e ter inteligência para fabricar rudimentares objetos de pedra. Os australopitecos, um grupo que derivou dos primeiros hominídeos, não mais caminhou sobre quatro patas.
A grande característica que une os diversos tipos de homem primitivo que deram origem ao homem moderno é o fato de terem sido seres ambientais. Em cada ambiente, o homem primitivo criava um modo de viver e uma tecnologia apropriada de região em que estava vivendo, explorando os recursos naturais pra suprir suas necessidades. Dessa forma colonizaram desertos, inventaram embarcações para conquistar os mares, e dominaram montanhas. E foi isso que serviu de base para as diversas culturas humanas, como as que conhecemos hoje em dia.
São quatro os elementos da natureza: Água-ar-fogo-terra
Para os gregos, bem como para a maioria das tradições, os elementos são em número de quatro: a água, o ar, o fogo, a terra. Mas não são de modo algum irredutíveis entre si; ao contrário, transformam-se uns nos outros (Platão, Timeu). E até mesmo procedem uns dos outros, com um rigor que alcança o dos raciocínios matemáticos. Por isso, no Timeu a teoria desses elementos está ligada à das idéias e nos Números, como também à da Participação, que está no cerne da dialética platônica. Cada um desses elementos subdivide-se em variedades, segundo as medidas da participação e das misturas. Assim sendo, pode-se distinguir três espécies de fogo: a chama ardente, a luz e os resíduos incandescentes da chama. Havia um quinto elemento que se podia ligar tanto ao ar quanto ao fogo: o éter.
A pirâmide tem quatro lados, a esfinge quatro patas.
No Egito são prodigiosas construções de pedra em forma de leão deitado, com cabeça humana e olhar enigmático saindo da juba. A mais famosa encontra-se no prolongamento da pirâmide de Quéfren, próxima ao Templo do vale, nas cercanias das mastabas e das pirâmides de Gizé, que deitam as suas sombras sobre a imensidão do deserto. A Esfinge sempre guarda essas necrópoles gigantes; o seu rosto pintado de vermelho contempla o único ponto no horizonte onde nasce o sol. É a guardiã das entradas proibidas e das múmias reais; escuta o canto dos planetas; à beira das eternidades, vela sobre tudo o que foi e tudo o que será; vê correr, ao longe, os Nilos celestes e navegar as barcas solares.
São quatro as figuras estranhas que lembram os “Karibus” assírios, que guardavam o Palácio da Babilônia.
Na visão de Ezequiel, que remonta a aproximadamente 593 antes de nossa era, observa-se já esta extraordinária simbologia... Discerni como que quatro animais, cujo aspecto era o seguinte: tinham uma forma humana: tinham cada um quatro faces e cada um quatro asas... Suas faces estavam viradas para as quatro direções... Tinham uma face de homem, e todos os quatro tinham uma face de leão à direita, uma face de touro à esquerda... E uma face de águia. Os exegetas vêem aí o símbolo da mobilidade, da ubiqüidade espirituais de Jeová, que não está vinculado apenas ao templo de Jerusalém, mas assegura sua presença a todos os seus fiéis, qualquer que seja a direção de seu exílio. Os mesmo exegetas observam que essas figuras estranhas da visão de Ezequiel lembram os Karibu Assírios (cujo nome corresponde aos Querubins da arca, v. Êxodo, 25, 18), seres de cabeça humana, corpo de leão, patas de touro e asas de águia, cujas estátuas guardavam o palácio da Babilônia.
A cruz tem quatro lados, é o símbolo da glória eterna e da primeira missa no Brasil
A cruz é um dos símbolos cuja presença é atestada desde a mais alta Antiguidade: No Egito, na China, em Cnossos, Creta, onde se encontrou uma cruz de mármore do século XV a. C. A cruz é o terceiro dos quaro símbolos fundamentais, juntamente com o centro, o círculo e o quadrado. Ela estabelece uma relação de suas duas linhas retas, que coincide com o centro, ela abre o centro para o exterior; inscreve-se no círculo, que divide em quatro segmentos; engendra o quadrado e o triângulo, quando suas extremidades são ligadas por quatro linhas retas. A simbologia mais complexa deriva dessas singelas observações: foram elas que deram origem à linguagem mais rica e mais universal. Como o quadrado, a cruz simboliza a terra; mais exprime dela aspectos intermediários, dinâmicos e sutis. A simbólica do quatro está ligada, em grande parte, à da cruz, principalmente ao fato de que ela designa um certo jogo de relações no interior do quatro e do quadrado. A cruz é o mais totalizante dos símbolos.
São quatro as estações do ano: primavera-verão-outono-inverno
As estações foram representadas de modo diverso nas artes: a primavera, por um cordeiro, um cabrito, um arbusto, guirlandas de flores; o verão por um dragão cuspindo fogo, um feixe de trigo, uma foice; o outono, por uma lebre, parras, cornucópias de abundância transbordantes de frutos; o inverno, por uma salamandra, um pato selvagem, o fogo na lareira, etc.
Obs. Urso polar e neve.
A primavera é considerada a Hermes, o mensageiro dos deuses; o verão a Apolo, o deus solar; o outono, a Dionísio, o deus do vinho; o inverno, a Hefestos, o deus das artes do fogo e dos metais. A sucessão das estações, assim como a das fases da lua, marca o ritmo da vida, as etapas de um ciclo de desenvolvimento: nascimento, formação, maturidade, declínio ciclo que se ajusta tanto aos seres humanos quanto a suas sociedades e civilizações. Ilustra, igualmente, o mito do eterno retorno. Simboliza a alternância cíclica e os perpétuos reinícios.
São quatro as fases da lua: cheia-minguante-nova-crescente
É em correlação com o simbolismo do Sol que se manifesta o da Lua. Suas duas características mais fundamentais derivam, de um lado, de a Lua ser privada de luz própria e não passar de um reflexo do Sol; de outro lado, de a Lua atravessar fases diferentes e mudanças de forma. É por isso que ela simboliza a dependência e o princípio feminino (salvo exceção), assim como a periodicidade e a renovação. Nessa dupla qualificação, ela é símbolo de transformação e crescimento (crescente da Lua).
A Lua é um símbolo dos ritmos biológicos: Astro que cresce, decresce e desaparece, cuja vida depende da lei universal do vir-a-ser, do nascimento e da morte... A Lua conhece uma história patética, semelhante à do homem... Mas sua morte nunca é definitiva... Este eterno retorno às suas formas iniciais, esta periodicidade sem fim fazem com que a lua seja por excelência o astro dos ritmos da vida... Ela controla todos os planos cósmicos regidos pela lei do vir-a-ser cíclico: águas, chuva, vegetação, fertilidade...
São quatro os naipes do baralho
Copa, Ouro, paus, Espada. O trevo da sorte tem quatro folhas.
Adágios Populares
Tem gente que tem 4 olhos. Bêbado não faz 4.
OBS: A mesa tem 4 pernas, a cadeira idem e o carro 4 rodas; segredo é para 4 paredes.
São quatro os cavaleiros do Apocalipse
E havendo o cordeiro ao aberto um dos selos olhei e ouvi um dos quatro animais, que dizia como em voz de trovão: vem e vê.
E olheis e eis um cavalo branco e o que estava assentado sobre ele tinha um arco: e foi lhe dada uma coroa, e saiu vitorioso para vencer.
E, havendo aberto um segundo selo, eu vi o segundo animal, dizendo: vem e vê.
E saiu outro cavalo, vermelho: e ao que estava assentado sobre ele foi dado que tirasse a paz da Terra, e que matasse uns aos outros; e foi-lhe dada uma grande espada.
E havendo aberto o terceiro selo ouvi dizer ao terceiro animal: vem e vê. E olhei e eis um cavalo preto e o que sobre ele estava assentado tinha uma balança na mão.
E ouvi uma voz no meio dos quatro animais que dizia: uma medida de trigo por um dinheiro, e três medidas de cevada por um dinheiro; e não danifiquem o azeite e o vinho.
E havendo aberto o quarto selo, ouvi a voz do quarto animal que dizia:
Vem e vê; e olhei, e eis um cavalo amarelo e o que estava assentado sobre ele tinha por nome Morte; e o inferno o seguia; e foi-lhes dado poder para matar a quarta parte da terra, com espada, e com fome, e com peste, e com as feras da terra.
Pra tudo se acabar na quarta-feira
Quarta-feira dia consagrado a “Iansã, senhora dos Raios, da Tempestade, dos Relâmpagos e dos Trovões”.
Albeci Pereira e Ney Ayan, autores do enredo.
Criador das alegorias (cenógrafo) Albecy Pereira
Nº Nome da alegoria O que representa
1 Carro da Pré-História A descoberta do homem através do 4.
2 Carro dos 4 elementos da Natureza Água, fogo, terra e ar
3 Carro do Egito Avenida das Esfinges e as pirâmides sagradas
4 Cassino Os 4 naipes do baralho, a sorte do trevo de 4 folhas
5 Primavera e Verão As duas estações
6 Outono e Inverno As duas estações
7 A Primeira Missa O símbolo mais totalitário de todos os símbolos (a cruz)
8 O Bar A irreverência popular onde o bêbado não faz o 4
9 Cavalheiros do Apocalipse Os cavalheiros do apocalipse
10 Iansã Ritos africanos, a 4ª feira e as forças da natureza
Nome dos principais destaques:
Jorge Lafond Inês Galvão Thereza Stabile Lúcia da Paz Edward Jorge Crioulo Antonio Carlos Paulo Coutinho Jussara Morais Glauce Mattos
Fantasias:
Dados sobre as fantasias de alas
Criados das fantasias (figurinista): Carlos Negri
Nº Nome da Fantasia O que representa Nome da ala Responsável pela ala Ano de criação
01 Australopitecos Homem macaco Ala sangue negro Carlinhos 1985
02 Homo Sapiens Homem que já sabia Ala real Ismara 1987
03 Água Elemento da natureza Ala dos artistas Naudinho 1984
04 Fogo Elemento da natureza Ala do Russo Adílson 1990
05 Terra Elemento da natureza Ala do Gordo José Carlos 1991
06 Ar Elemento da natureza Ala do Zezo Zezo Coutinho 1979
07 Esfinge Esfinge guardiã Ala da Lei Cirlei 1990
08 Faraó Egito Ala nobre Lenice 1980
09 Caribus Figuras estranhas Ala da simpatia Mica 1980
10 Assirius Babilônia Ala tô que tô Luis Carlos 1990
11 Bateria Naipes do baralho Bateria Mestre Bira 1958
12 Trevo Crianças Ala mirim Joan 1984
13 Naipes do baralho Baralho Ala gente fina Genecir 1985
14 Primavera 1 das estações Ala da boemia Santiago 1989
15 Verão 1 das estações Ala do salgueiro Geraldo 1990
16 Outono 1 das estações Ala independente Edson 1986
17 Inverno 1 das estações Ala da silgic Giselda 1987
18 Baianas Primavera Ala das baianas Tia Natalia 1958
19 Lua Fases da lua Ala do império Maria 1965
20 Índios Assist. 1ª missa Ala da Nanci Fernando 1966
21 Bêbado Bêbado não faz o 4 Ala sente o peso Jorge 1970
22 Cavaleiros do apocalipse Paz e guerra Ala metida a besta Carlinhos 1974
23 Cavaleiros do apocalipse Justiça e morte Ala magnatas Mauro 1989
24 Iansã Iansã Ala do horto Sonia 1983
25 Guerreiros Iansã Guerreiros da Iansã Ala grupo da paz Jorge 1988
26 Escravos Iansã Escravos da Iansã Ala do engenho Claudia 1982
27 Bloco 4ª feira de cinzas Ala da raça Claudio 1991