Carnaval 2002
Data do desfile: 09/02/2002 - Sábado. Local: Sambódromo da Marquês de Sapucaí. Ordem de desfile: 11ª Agremiação a desfilar. Colocação: 1ª Colocada do Grupo A com 199,4 pontos. Presidente: Moysés Antônio Coutinho Filho (Zezo) Carnavalesco: Fernando Alvarez.

Justificativa do Enredo:
O G.R.E.S. Acadêmicos de Santa Cruz, reafirmando as suas características de Escola preocupada e empenhada em divulgar cultura, personalidades e acontecimentos registrados na História da Humanidade, vem, através de seu enredo, apresentar uma das mais importantes invenções do homem - O Papel.
Cruzando mares e atravessando o tempo, o papel nunca deixou de acompanhar o homem e ser por ele utilizado. Desde as suas origens tem sido de importância fundamental no desenvolvimento cultural e industrial da Humanidade.
A invenção do papel, segundo alguns historiadores, só é comparável à invenção da roda.
ORIENTE E OCIDENTE NO SURGIMENTO DO PAPEL
Em 105 d.C., a China foi a pioneira na fabricação do papel feito com fibras vegetais e trapos de seda, originando uma das maiores revoluções tecnológicos da História da Humanidade.
Essa mistura de vegetais e trapos era triturada e cozida, sendo depois colocada para secar estendida em tramas de bambu. Processo esse que serve de base para a fabricação do papel até os dias de hoje.
Entretanto, esta arte se difundiu com lentidão, pois os chineses mantiveram Por muito tempo o segredo desta técnica dentro de suas fronteiras.
Apesar do cuidado, cerca de 600 anos depois de sua invenção, o segredo da fabricação do papel foi revelado ao Japão.
Mais ou menos na mesma época., os árabes aprisionaram alguns chineses, trocando a liberdade deles pela revelação do processo de obtenção do papel. Assim, rompeu-se o monopólio chinês e inicio a produção de papel em Bagdá (795 d.C.,). A indústria floresceu na cidade até o século XV, sendo inclusive exportado ao Ocidente.
Logo a fabricação papeleira estendeu-se até a Europa, chegando à Espanha, onde foi instalada a primeira fábrica, que passou a produzir papel em maior escala.
No século XVI, os holandeses inventaram uma máquina, conhecida como “Holandesa”, que permitia desintegrar tropas, transformando-os em fibras e, facilitando assim, a produção do papel. Esta é a idéia básica das máquinas atuais.
Portugal também já produzia o papel, visto que a Carta de Pero Vaz de Caminha foi escrita em 1500.
No Brasil, a primeira fábrica surgiu em 1810, com a chegada da família real portuguesa.
HISTÓRICO DO ENREDO - AS ORIGENS DO PAPEL
Antecedentes:
Antes da invenção do papel, o homem se utiliza de diversos materiais para se expressar através de desenhos e da escrita.
Os esquimós utilizavam ossos de baleia e dentes de faca; os chineses escreviam em conchas e em cascos de tartaruga.
A matéria-prima mais famosa e próxima do papel, utilizada como base para a escrita, foi o papiro.
Por volta de 3000 ª C., às margens do Rio Nilo no Egito, o homem começou a utilizar uma planta chamada “papiro” como suporte para a sua comunicação.
Os egípcios extraíam finas lascas do talo do papiro, esmagavam–nas, entrelaçavam-nas e, após constituída a trama, banhavam–na com um óleo para torná-la mais resistente. Essa fabricação foi uma das mais típicas atividades dos antigos egípcios.
Os papiros primavam pela consistência admirável e resistiram ao tempo. Milhares de documentos egípcios chegaram até os nossos dias.
O papiro pode ser considerado a forma mais rudimentar do papel.
O PAPEL DA CULTURA
O fato que deu grande impulso à fabrica do papel foi, sem dúvida, a invenção da imprensa, que gerou um grande ressurgimento intelectual, incentivando às letras e às artes.
As publicações literárias e informativas tornaram–se mais acessíveis. O conhecimento científico e cultural expandiu–se pelo mundo através do veículo chamado papel.
O papel passou a ser parte integrante da vida do homem, identificando-o e cercando–o durante o seu crescimento.
Ao nascer, o homem recebe uma certidão para atesta-lhe a existência. Durante todo o seu percurso pela face da Terra, imprescindíveis papéis são anexados à vida humana: Carteira de Vacinação, Cadernos, Livros, Boletim escolar, Carteira de Identidade, Título de Eleitor, Carteira de Trabalho e muito outros.
Ainda que inúmeros meios de comunicação tenham sido criado, o homem continua mantendo contado com seus semelhantes por meio de cartas, telegramas, postais e cartões.
Muito cedo aprende–se a dar valor a um papel especial e raro: o perseguido papel-moeda. Cobiçado e venerado, em torno dele o mundo gira.
Dobrando e desdobrando faz surgir barquinhos, chapéus e toda a espécie de animais.
Colando papéis coloridos, o homem faz voar seus sonhos. E, se entregando a esses sonhos, busca a sorte nos bichos e nas cartas de baralho.
Maravilhado, descobre que o papel é uma grande caixa de surpresas.
DOS MOINHOS DE PAPEL À RECICLAGEM
Até o fim do século XVIII, a fabricação do papel era totalmente artesanal . os moinhos eram oficinas primitivas e as folhas de papel eram feitas uma a uma, em quantidade bastante reduzidas.
Por volta de 1850, os países produtores passaram a utilizar matéria-prima extraída das árvores.
A técnica barateou o custo de fabricação. No entanto, a poluição do ar resultante desse processo e a derrubada desenfreada das árvores forçou a decretação de leis ambientais, visando o controle do desmatamento e o reflorestamento obrigatório.
A indústria papeleira do Brasil, consciente das suas responsabilidades perante às gerações futuras, executa e incentiva inúmeros projetos de reciclagem, no intuito de preservar as florestas e o meio-ambiente.
Hoje, além da celulose, utiliza–se a cana-de-açúcar, o algodão, o linho e outros vegetais na fabricação do papel.
Para cada tonelada de papel reciclado poupa-se cerca de 20 árvores e muita energia.
O PAPEL DO CARNAVAL
Presente em todos os momentos, nas mais diferentes situações, o papel não poderia deixar de participar da folia do Carnaval.
Quando os salões da cidade se enchem de foliões, confetes e serpentinas dão colorido à animação.
Nos antigos carnavais, nas batalhas de rua ou à beira-mar, passeavam diabinhos, morcegos, pretos-velhos e caveiras, exibindo assustadoras de papel machê. Aliás, estas últimas podendo representar o derradeiro papel recebido pelo homem: a Certidão de Óbito.
Embora o homem tenha alcançado enormes índices de desenvolvimento tecnológico e cultural, ainda não conseguiu um substituto que desempenhe tantos papéis, quanto o papel.
Resistindo ao tempo, o papel provavelmente se tornará imortal.
Rosele Nicolau Jorge Coutinho, autora do enredo.